24/09/2013

Usuárias de crack são vulneráveis a estupros e gravidez precoce, revela maior pesquisa mundial sobre a droga


(SPM) Cerca de 10% das usuárias estavam grávidas no momento da entrevista. Quase 30% admitiram haver se prostituído por causa da droga.

No universo de 370 mil usuários de crack das capitais e regiões metropolitanas do Brasil, 21,3% são mulheres. A ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), ao analisar o dado – que faz parte da pesquisa "Perfil dos Usuários de Crack e/ou Similares no Brasil", divulgada pelos ministérios da Justiça e da Saúde – ressaltou sua importância pois, "pela primeira vez é explicitada a percentagem de usuárias em um estudo. Isso possibilitará ao governo definir as ações específicas para combater esse problema".

O estudo foi divulgado, nessa quinta-feira (19/09), em Brasília. Pela SPM, estiveram presentes a secretária-adjunta de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres da SPM, Rosangela Rigo, e a coordenadora-geral de Acesso à Justiça e Combate à Violência, Aline Yamamoto.

O levantamento aponta que 29,9% das usuárias admitiram ter se prostituído em troca da droga ou de dinheiro e que 44,5% sofreram violência sexual em algum momento da sua vida. Dos 370 mil usuários, 29,2% disseram que a violência sexual, a perda afetiva ou problemas familiares os levaram ao uso de crack ou similares.

Gravidez – Cerca de 10% das usuárias de crack ou similares relataram estar grávidas no momento da entrevista e mais da metade já havia engravidado ao menos uma vez desde que iniciou o uso. Isso foi considerado preocupante pelos pesquisadores, devido às consequências importantes do consumo da droga durante a gestação sobre o desenvolvimento neurológico e intelectual das crianças expostas.

HIV – Mais de um terço do total de usuários (39,5%) informaram não ter usado o preservativo em nenhuma das relações sexuais vaginais, no mês anterior à entrevista. Apesar da evidente exposição ao risco, mais da metade (53,9%) afirmou nunca ter realizado teste para HIV. Nos municípios que não as capitais, essa proporção é ainda maior, chegando a 65,9% de não testagem.

A pesquisa foi encomendada pela Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (Senad) à Fiocruz. Para coletar os dados, cerca de 500 profissionais, como pesquisadores, assistentes sociais e psicólogos, foram a locais usados para consumo da droga, mapeados com ajuda de fontes locais – secretarias de Saúde, Assistência Social e Segurança, além de organizações não-governamentais e lideranças comunitárias. As equipes entrevistaram 7.381 usuários de crack, em 112 municípios de portes variados – incluindo todas as capitais brasileiras. Eles foram entrevistados entre novembro de 2011 e junho de 2013.

Acesse o PDF: Usuárias de crack são vulneráveis a estupros e gravidez precoce, revela maior pesquisa mundial sobre a droga (SPM, 20/09/2013)

 Fonte: Agência Patrícia Galvão


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SUA SEXUALIDADE É ASSUNTO SEU, SUA SAÚDE É ASSUNTO NOSSO!


Mulheres lésbicas e bissexuais sentem-se inibidas em procurar ajuda do ginecologista. Revelar nossa intimidade num contexto social de enorme preconceito não é uma tarefa fácil. E ainda existe o medo do uso dos aparelhos (como o espéculo) para aquelas que não sofrem penetração nas suas relações sexuais.


Embora não seja possível estimar quantas vão aos consultórios, pois não existe a possibilidade de informação da orientação sexual no prontuário médico, apontamos para a falta de um espaço adequado para dialogarmos sobre nossas dúvidas e práticas sexuais.

A falta de acolhimento por parte do corpo de profissionais de saúde na rede pública, somadas ao medo da rejeição e ao preconceito efetivamente existente, faz com que muitas dentre nós saiamos dos consultórios com recomendações para usar pílulas anticoncepcionais ou camisinhas masculinas.

Sem orientação adequada algumas acham que só desenvolvem câncer de útero mulheres quem têm relações heterossexuais, deixando de prestar atenção a um fator de aumento de risco para aquelas que nunca tiveram uma gravidez e desconsiderando a necessidade de fazerem os exames e a prevenção de DSTs/AIDS.

Temos necessidade de efetivar o plano nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) e assegurar a assistência ginecológica de qualidade e atenção à saúde integral em todas as fases da vida para todas as mulheres, sejam lésbicas, bissexuais, transexuais ou heterosexuais.

No consultório médico não entra o preconceito e ali TODAS SÃO BEM VINDAS!

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Principais Resultados da Pesquisa

  • Pesquisa revela tensão, por parte dos médicos, entre a noção de homossexualidade como distúrbio hormonal ou doença psíquica e a necessidade de aderir a um discurso “politicamente correto” de não discriminação.

  • No caso das mulheres os dados indicam que a saúde em geral é um tema delicado porque envolve experiências de discriminação e expectativas de desconforto, particularmente em relação à consulta ginecológica.

  • As mulheres mais masculinas tendem a evitar os médicos, recorrendo aos serviços de saúde, em geral, apenas nas situações em que se percebem incapacitadas para o trabalho ou para realizarem atividades cotidianas.

  • A abordagem das questões de prevenção faz pouco sentido para as entrevistadas lésbicas porque elas não percebem riscos nas suas práticas sexuais. Além disso, o tema desperta tensões no que diz respeito ao imperativo da fidelidade conjugal e a própria afirmação de uma identidade lésbica.

  • Há um pacto de silêncio a respeito da homossexualidade: os profissionais não falam sobre este assunto por medo de invadir a privacidade ou discriminar as pacientes, ou simplesmente porque não se sentem capacitados (tecnicamente) para abordar o assunto.

  • Já as mulheres têm receio de serem tratadas com distinção e alimentam dúvidas quanto à necessidade dessa informação durante a consulta, o que as faz silenciar sobre sua orientação e práticas sexuais.
  • O Resultado disso é uma consulta impessoal, que não reconhece a diferença das mulheres lésbicas e bissexuais, com pacientes acuadas pelo medo da discriminação explícita e um silêncio de ambas as partes que afasta as mulheres lésbicas, sobretudo as mais masculinizadas dos consultórios do SUS.

  • As consultas não raro resultam em receitas de contraceptivos e indicação de uso de camisinhas masculinas, o que faz com que as mulheres, invisibilizadas, não retornem ao consultório médico.


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