24/09/2013

ENTREVISTAS SOBRE SAÚDE



Jean Wyllys

 

Escritor, professor universitário de Comunicação Social e eleito deputado federal pelo PSOL-RJ para o mandato 2011-2015, Jean Wyllys tem sido uma referência na defesa, luta e debate público dos Direitos Humanos; direitos LGBT; pluralismo religioso e cultura. Atua em dez frentes e comissões na Câmara dos Deputados e recebeu condecorações e menções de reconhecimento de seu trabalho, como a medalha Pedro Ernesto (CVRJ) e o prêmio de melhor deputado pelo site Congresso em Foco. É também colunista na revista Carta Capital.

Abrasco: Como respeitar às religiosidades e seus fundamentos sem incorrer nos erros e abusos de poder dos pensamentos teocráticos que ecoam na sociedade brasileira?

Jean Wyllys: O único meio é o fortalecimento da laicidade como componente fundamental do Estado brasileiro. Um Estado laico não tem paixão religiosa, mas, ao mesmo tempo, assegura a cada indivíduo e a cada grupo que professe a religião que melhor lhes responde filosoficamente as questões do mundo. O Brasil é um país plurirreligioso, todas as religiões colaboraram para o que chamamos de identidade nacional e não se pode esquecer isto. Respeitamos as religiões, asseguramos a liberdade de crença e é necessário que o Estado esteja protegido da influência de grupos para assim trabalhar por todos.

Abrasco: Como a sociedade civil e os poderes republicanos podem e devem enfrentar o problema da discriminação social em nosso país?

Jean Wyllys: Os poderes executivos devem deixar claro que as questões da fé privada não podem interferir na gestão pública. Isso deve ser passado como receita a cada contratação, promoção, a cada novo mandato. O presidente da República; governadores; prefeitos, e seus secretários e ministros não podem estar sob pressão de grupos religiosos na hora de elaborar e executar políticas públicas. No âmbito do legislativo, temos de fazer valer a defesa da Constituição Cidadã feita por todos os parlamentares no juramento de posse. Entre esses fundamentos, consta o artigo 5º, que garante que somos todos iguais perante a lei. Se o parlamento tomar esse cuidado e a sociedade acompanhar este cumprimento, a bancada religiosa não poderá propor projetos que contrariam os princípios da dignidade humana. O Judiciário também tem de trabalhar numa perspectiva laica, impedindo qualquer juiz de agir ou confundir suas ideias pessoais de Justiça com os dogmas da sua fé.

 Abrasco: Qual é a importância da Academia e das suas entidades científicas, como a Abrasco, debaterem os grandes temas sociedade em seus encontros, como no VI Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde?

 

Jean Wyllys: A academia é um lugar de produção e reprodução do saber científico, saber este que se coloca em permanente revisão e não reivindica valores atemporais e absolutos, posições fundamentais na construção do imaginário e do bem estar social. As universidades têm de aprofundar essa função e espaço de confrontação com o senso comum. Os professores e chefes de departamento não podem ter medo dos preconceitos que muitos alunos trazem quando são aprovados, não devem se curvar a situações estúpidas e pressões, principalmente em instituições privadas. O professor não pode fugir a missão de construir cidadãos capazes de fazer suas leituras críticas do mundo e desenvolverem aquilo que Hannah Arendt chama de vida com pensamento. O papel da academia é construir vida com pensamento e, por isso, espaços o Congresso da Abrasco são importantíssimos para essa discussão. Fico feliz dele se realizar e de ter sido convidado, o que espero retribuir com minha presença e colaboração

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SUA SEXUALIDADE É ASSUNTO SEU, SUA SAÚDE É ASSUNTO NOSSO!


Mulheres lésbicas e bissexuais sentem-se inibidas em procurar ajuda do ginecologista. Revelar nossa intimidade num contexto social de enorme preconceito não é uma tarefa fácil. E ainda existe o medo do uso dos aparelhos (como o espéculo) para aquelas que não sofrem penetração nas suas relações sexuais.


Embora não seja possível estimar quantas vão aos consultórios, pois não existe a possibilidade de informação da orientação sexual no prontuário médico, apontamos para a falta de um espaço adequado para dialogarmos sobre nossas dúvidas e práticas sexuais.

A falta de acolhimento por parte do corpo de profissionais de saúde na rede pública, somadas ao medo da rejeição e ao preconceito efetivamente existente, faz com que muitas dentre nós saiamos dos consultórios com recomendações para usar pílulas anticoncepcionais ou camisinhas masculinas.

Sem orientação adequada algumas acham que só desenvolvem câncer de útero mulheres quem têm relações heterossexuais, deixando de prestar atenção a um fator de aumento de risco para aquelas que nunca tiveram uma gravidez e desconsiderando a necessidade de fazerem os exames e a prevenção de DSTs/AIDS.

Temos necessidade de efetivar o plano nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) e assegurar a assistência ginecológica de qualidade e atenção à saúde integral em todas as fases da vida para todas as mulheres, sejam lésbicas, bissexuais, transexuais ou heterosexuais.

No consultório médico não entra o preconceito e ali TODAS SÃO BEM VINDAS!

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Principais Resultados da Pesquisa

  • Pesquisa revela tensão, por parte dos médicos, entre a noção de homossexualidade como distúrbio hormonal ou doença psíquica e a necessidade de aderir a um discurso “politicamente correto” de não discriminação.

  • No caso das mulheres os dados indicam que a saúde em geral é um tema delicado porque envolve experiências de discriminação e expectativas de desconforto, particularmente em relação à consulta ginecológica.

  • As mulheres mais masculinas tendem a evitar os médicos, recorrendo aos serviços de saúde, em geral, apenas nas situações em que se percebem incapacitadas para o trabalho ou para realizarem atividades cotidianas.

  • A abordagem das questões de prevenção faz pouco sentido para as entrevistadas lésbicas porque elas não percebem riscos nas suas práticas sexuais. Além disso, o tema desperta tensões no que diz respeito ao imperativo da fidelidade conjugal e a própria afirmação de uma identidade lésbica.

  • Há um pacto de silêncio a respeito da homossexualidade: os profissionais não falam sobre este assunto por medo de invadir a privacidade ou discriminar as pacientes, ou simplesmente porque não se sentem capacitados (tecnicamente) para abordar o assunto.

  • Já as mulheres têm receio de serem tratadas com distinção e alimentam dúvidas quanto à necessidade dessa informação durante a consulta, o que as faz silenciar sobre sua orientação e práticas sexuais.
  • O Resultado disso é uma consulta impessoal, que não reconhece a diferença das mulheres lésbicas e bissexuais, com pacientes acuadas pelo medo da discriminação explícita e um silêncio de ambas as partes que afasta as mulheres lésbicas, sobretudo as mais masculinizadas dos consultórios do SUS.

  • As consultas não raro resultam em receitas de contraceptivos e indicação de uso de camisinhas masculinas, o que faz com que as mulheres, invisibilizadas, não retornem ao consultório médico.


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