17/03/2013

Governo suspende kit educativo sobre aids

Governo suspende kit educativo sobre aids
Ministro da Saúde diz que não autorizou distribuição de revistinhas em escolas

Lígia Formenti - O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Um material educativo para prevenção de aids dirigido a
adolescentes teve sua distribuição suspensa por determinação do
governo federal. O kit, formado por seis revistas de histórias em
quadrinhos, aborda temas como gravidez na adolescência, uso de
camisinha e homossexualidade. A suspensão ocorre quase dois anos
depois da polêmica interrupção da distribuição do kit anti-homofobia,
por pressão de grupos religiosos.

Veja também:
link:Tratamento rápido contra HIV sinaliza 'cura funcional' da aids

Quadrinhos foram criadas para alertar sobre gravidez na adolescência e
prevenir sobre risco de aids - Reprodução

Reprodução

Quadrinhos foram criadas para alertar sobre gravidez na adolescência e
prevenir sobre risco de aids

As revistas em quadrinhos foram produzidas em 2010, numa parceria
entre os Ministérios da Saúde, da Educação e organismos
internacionais. O material seria usado como apoio do programa Saúde e
Prevenção nas Escolas. Em seu primeiro fascículo, procura abordar o
preconceito enfrentado por jovens gays.

Embora tenha sido lançado com entusiasmo pelo então ministro da Saúde,
José Gomes Temporão, sua distribuição foi abortada pela proximidade
com as eleições presidenciais. A ordem era evitar qualquer tipo de
conflito ou descontentamento com grupos religiosos.

Neste ano, o material foi resgatado. Cerca de 15 mil exemplares foram
distribuídos para os serviços de DST/Aids de 12 Estados.

A operação foi interrompida no fim de fevereiro, por determinação do
Planalto, segundo informações obtidas pelo Estado.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, no entanto, chama a
responsabilidade para ele. "Eu vetei o material", disse. Segundo ele,
a distribuição foi feita sem a sua autorização e sem o seu
conhecimento. Ontem, ele enviou um ofício para as secretarias,
desautorizando a circulação das revistinhas.

O ministro afirma que a distribuição foi feita a partir do
Departamento de DST-Aids. Ele admitiu não saber se o material teve uma
nova impressão ou se os kits agora enviados teriam sido produzidos em
2010. Padilha afirmou que a suspensão da distribuição ocorreu apenas
esta semana, depois de sua assessoria ter sido procurada pela
reportagem do Estado.

Defensores das revistas, no entanto, garantem que a ordem partiu no
fim de fevereiro. O Planalto foi procurado, mas não se manifestou.

Investigação

Padilha disse desconhecer como a distribuição ocorreu e afirmou ter
encomendado uma investigação. O ministro contou, no entanto, que a
ideia de retomar a distribuição dos fascículos foi discutida no início
deste ano por um grupo de trabalho formado por integrantes de sua
pasta e do Ministério da Educação, mas foi logo descartada. A proposta
era usar o material como apoio para o Programa Saúde nas Escola, que,
pelo terceiro ano consecutivo elegeu como tema principal o combate à
obesidade.

"Nenhum material pode ser usado sem a análise do conselho editorial do
ministério", disse Padilha, acrescentando que os itens distribuídos
para escolas têm de passar também pela avaliação do MEC.

Para Padilha, mesmo tendo sido aprovado e lançado no governo passado,
o material teria de ser revisto. Além de questões formais, ele diz que
as histórias em quadrinhos não trazem as mensagens que sua pasta quer
reforçar: que aids não tem cura e que a prevenção é indispensável. O
fato de o material já enfatizar a necessidade do uso da camisinha,
para Padilha, não é suficiente.

Além de a abordagem não estar de acordo com os padrões atuais
determinados pelo ministério, Padilha aponta outros problemas, como a
falta de logotipo do governo.

Para defensores das revistas, porém, a suspensão, como em 2010, teria
motivação política: evitar ao máximo qualquer tipo de confronto com
grupos religiosos e conservadores. Algo essencial, sobretudo quando o
nome de Padilha é cogitado para a disputa do governo de São Paulo.

Para lembrar: Dilma vetou kit anti-homofobia

A suspensão da distribuição do material criado para a prevenção de
aids entre adolescentes não é a primeira do governo da presidente
Dilma Rousseff.

Em maio de 2011, Dilma determinou o cancelamento da entrega de um kit
de combate à homofobia, que seria composto por três vídeos e um guia
de orientação aos professores, produzido pelos Ministérios da Saúde e
da Educação.

Com duração de cinco minutos, os vídeos enfocariam transexualidade,
bissexualidade e a relação entre duas meninas homossexuais.

A decisão do governo foi tomada após pressão da bancada evangélica no
Congresso, que defendia que o material incentiva a homossexualidade em
vez de prevenir a aids.

A polêmica repercutiu na campanha eleitoral para a Prefeitura de São
Paulo, realizada no fim do ano passado, que teve o ex-ministro da
Educação, Fernando Haddad, como candidato.

EDUCANDO PARA PREVENIR DOENÇAS E FORJAR CIDADANIA

O Ministério da Saude e o Ministério da Educação em parceria com a
UNESCO/UNFPA/UNICEF produziram excelente material didático que está
sendo distribuído a rede pública com vistas a apoiar atividades do
programa Saude e Prevenção nas Escolas. O material didático é dirigido
à adolescentes e jovens.

Trata-se de iniciativa da mais alta relevância para o país na
perspectiva de incentivar o desenvolvimento de politicas publicas
voltadas para a promoção da saude sexual e saúde reprodutiva com
vistas a redução da incidência de doenças sexualmente transmissíveis e
da infecção pelo HIV em particular.

O UNAIDS parabeniza o Governo Brasileiro pela iniciativa, que sem
qualquer dúvida trará reflexos altamente positivos na promoção de uma
vida saudável e de respeito à diversidade.

São seis kits que se encontram disponíveis no link abaixo:

www.unaids.org.br

Claudete Costa
Integrante da Comissão Intersetorial da Mulher do Conselho Nacional de Saúde
Articuladora Estadual
L B L - RS
" ser negra (o) não é questão de pigmentação, é resistência para
ultrapassar a opressão"
http://fuxicodeterreiro.blogspot.com

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SUA SEXUALIDADE É ASSUNTO SEU, SUA SAÚDE É ASSUNTO NOSSO!


Mulheres lésbicas e bissexuais sentem-se inibidas em procurar ajuda do ginecologista. Revelar nossa intimidade num contexto social de enorme preconceito não é uma tarefa fácil. E ainda existe o medo do uso dos aparelhos (como o espéculo) para aquelas que não sofrem penetração nas suas relações sexuais.


Embora não seja possível estimar quantas vão aos consultórios, pois não existe a possibilidade de informação da orientação sexual no prontuário médico, apontamos para a falta de um espaço adequado para dialogarmos sobre nossas dúvidas e práticas sexuais.

A falta de acolhimento por parte do corpo de profissionais de saúde na rede pública, somadas ao medo da rejeição e ao preconceito efetivamente existente, faz com que muitas dentre nós saiamos dos consultórios com recomendações para usar pílulas anticoncepcionais ou camisinhas masculinas.

Sem orientação adequada algumas acham que só desenvolvem câncer de útero mulheres quem têm relações heterossexuais, deixando de prestar atenção a um fator de aumento de risco para aquelas que nunca tiveram uma gravidez e desconsiderando a necessidade de fazerem os exames e a prevenção de DSTs/AIDS.

Temos necessidade de efetivar o plano nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) e assegurar a assistência ginecológica de qualidade e atenção à saúde integral em todas as fases da vida para todas as mulheres, sejam lésbicas, bissexuais, transexuais ou heterosexuais.

No consultório médico não entra o preconceito e ali TODAS SÃO BEM VINDAS!

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Principais Resultados da Pesquisa

  • Pesquisa revela tensão, por parte dos médicos, entre a noção de homossexualidade como distúrbio hormonal ou doença psíquica e a necessidade de aderir a um discurso “politicamente correto” de não discriminação.

  • No caso das mulheres os dados indicam que a saúde em geral é um tema delicado porque envolve experiências de discriminação e expectativas de desconforto, particularmente em relação à consulta ginecológica.

  • As mulheres mais masculinas tendem a evitar os médicos, recorrendo aos serviços de saúde, em geral, apenas nas situações em que se percebem incapacitadas para o trabalho ou para realizarem atividades cotidianas.

  • A abordagem das questões de prevenção faz pouco sentido para as entrevistadas lésbicas porque elas não percebem riscos nas suas práticas sexuais. Além disso, o tema desperta tensões no que diz respeito ao imperativo da fidelidade conjugal e a própria afirmação de uma identidade lésbica.

  • Há um pacto de silêncio a respeito da homossexualidade: os profissionais não falam sobre este assunto por medo de invadir a privacidade ou discriminar as pacientes, ou simplesmente porque não se sentem capacitados (tecnicamente) para abordar o assunto.

  • Já as mulheres têm receio de serem tratadas com distinção e alimentam dúvidas quanto à necessidade dessa informação durante a consulta, o que as faz silenciar sobre sua orientação e práticas sexuais.
  • O Resultado disso é uma consulta impessoal, que não reconhece a diferença das mulheres lésbicas e bissexuais, com pacientes acuadas pelo medo da discriminação explícita e um silêncio de ambas as partes que afasta as mulheres lésbicas, sobretudo as mais masculinizadas dos consultórios do SUS.

  • As consultas não raro resultam em receitas de contraceptivos e indicação de uso de camisinhas masculinas, o que faz com que as mulheres, invisibilizadas, não retornem ao consultório médico.


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