11/07/2013

Violação dos direitos humanos: um termo em disputa

Fonte: Blogueiras Feministas

Hoje à tarde, a partir das 14h00, a falecida Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara dos Deputados se reúne para discutir "a violação dos direitos humanos do nascituro". O deputado Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da CDH, não escolheu o título do encontro à toa. Pelo contrário. Ao utilizar as palavras "direitos humanos" e "nascituro" na mesma frase, ele sabia bem o que estava fazendo: quer demonstrar o quanto está disposto a disputar esses termos.
Assim como "feminismo", "ecologia", "desenvolvimento" e "progresso" – entre tantas outras expressões – "direitos humanos" não têm uma identidade fixa. Estão totalmente abertos a significações e ressignificações, a depender do que está em seu entorno e de quem os utiliza.
Dessa maneira, enquanto a Corte Penal Internacional considera a gravidez forçada um crime de lesa humanidade, há quem diga que impedir o aborto para as mulheres que tenham engravidado após sofrerem um estupro é um "direito humano". Obrigá-las a continuar a gestação – que, vale a pena lembrar, só pode ser interrompida no começo –, ao invés de ser considerada uma violação ainda maior e um sofrimento sem tamanho, seria, então, uma questão de "justiça". Mas justiça para quem?
Há muitos atores, atrizes e circunstâncias envolvidos nessa disputa.
De um lado, temos a bancada religiosa, que se baseia em uma crença bastante restrita para argumentar que pode legislar para todo mundo. Um grupo que acredita em determinados pontos de vista querendo impô-los sobre o coletivo. E para reforçar essa estratégia, utiliza-se de chantagem política: quantas vezes, nos últimos tempos, não temos visto pastores e líderes avisando que o governo deve ter "cuidado" nos seus posicionamentos caso queira os votos dos evangélicos em 2014?
De outro lado, temos as mulheres – mais da metade da população mundial – reivindicando o direito de decidir sobre seu próprio corpo. A justificativa é bastante simples: elas não querem que outras pessoas possam escolher como serão as suas vidas.
Entre essas, estão as milhares de brasileiras que todos os anos interrompem gestações de maneira clandestina e em condições precárias, segundo dados do Sistema Único de Saúde (SUS).
Vivemos um momento político de grande mobilização da sociedade brasileira. A propostas estão na mesa. Afinal, que tipo de direitos humanos queremos para o nosso país? Um que desrespeite aquelas que foram estupradas ou as que correm o risco de morrer durante a gravidez, como propõe o Projeto de Lei (PL) 478/2007, conhecido como Estatuto do Nascituro? Ou um que valorize a vida das mulheres?
Chegou a hora de decidirmos. Eu sou contra o Estatuto do Nascituro, e você?



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SUA SEXUALIDADE É ASSUNTO SEU, SUA SAÚDE É ASSUNTO NOSSO!


Mulheres lésbicas e bissexuais sentem-se inibidas em procurar ajuda do ginecologista. Revelar nossa intimidade num contexto social de enorme preconceito não é uma tarefa fácil. E ainda existe o medo do uso dos aparelhos (como o espéculo) para aquelas que não sofrem penetração nas suas relações sexuais.


Embora não seja possível estimar quantas vão aos consultórios, pois não existe a possibilidade de informação da orientação sexual no prontuário médico, apontamos para a falta de um espaço adequado para dialogarmos sobre nossas dúvidas e práticas sexuais.

A falta de acolhimento por parte do corpo de profissionais de saúde na rede pública, somadas ao medo da rejeição e ao preconceito efetivamente existente, faz com que muitas dentre nós saiamos dos consultórios com recomendações para usar pílulas anticoncepcionais ou camisinhas masculinas.

Sem orientação adequada algumas acham que só desenvolvem câncer de útero mulheres quem têm relações heterossexuais, deixando de prestar atenção a um fator de aumento de risco para aquelas que nunca tiveram uma gravidez e desconsiderando a necessidade de fazerem os exames e a prevenção de DSTs/AIDS.

Temos necessidade de efetivar o plano nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) e assegurar a assistência ginecológica de qualidade e atenção à saúde integral em todas as fases da vida para todas as mulheres, sejam lésbicas, bissexuais, transexuais ou heterosexuais.

No consultório médico não entra o preconceito e ali TODAS SÃO BEM VINDAS!

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Principais Resultados da Pesquisa

  • Pesquisa revela tensão, por parte dos médicos, entre a noção de homossexualidade como distúrbio hormonal ou doença psíquica e a necessidade de aderir a um discurso “politicamente correto” de não discriminação.

  • No caso das mulheres os dados indicam que a saúde em geral é um tema delicado porque envolve experiências de discriminação e expectativas de desconforto, particularmente em relação à consulta ginecológica.

  • As mulheres mais masculinas tendem a evitar os médicos, recorrendo aos serviços de saúde, em geral, apenas nas situações em que se percebem incapacitadas para o trabalho ou para realizarem atividades cotidianas.

  • A abordagem das questões de prevenção faz pouco sentido para as entrevistadas lésbicas porque elas não percebem riscos nas suas práticas sexuais. Além disso, o tema desperta tensões no que diz respeito ao imperativo da fidelidade conjugal e a própria afirmação de uma identidade lésbica.

  • Há um pacto de silêncio a respeito da homossexualidade: os profissionais não falam sobre este assunto por medo de invadir a privacidade ou discriminar as pacientes, ou simplesmente porque não se sentem capacitados (tecnicamente) para abordar o assunto.

  • Já as mulheres têm receio de serem tratadas com distinção e alimentam dúvidas quanto à necessidade dessa informação durante a consulta, o que as faz silenciar sobre sua orientação e práticas sexuais.
  • O Resultado disso é uma consulta impessoal, que não reconhece a diferença das mulheres lésbicas e bissexuais, com pacientes acuadas pelo medo da discriminação explícita e um silêncio de ambas as partes que afasta as mulheres lésbicas, sobretudo as mais masculinizadas dos consultórios do SUS.

  • As consultas não raro resultam em receitas de contraceptivos e indicação de uso de camisinhas masculinas, o que faz com que as mulheres, invisibilizadas, não retornem ao consultório médico.


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