13/08/2011

Apresenta pesquisa em saúde de lésbicas, realizado pela ILGA-LAC

08/07/2011
Apresenta pesquisa em saúde de lésbicas, realizado pela ILGA-LAC

Apresentando o relatório "Saúde  Lésbica e Bissexual na América Latina e Caribe. Construindo novas realidades"

Por ocasião das comemorações pelo dia 28 de junho, a ILGA-LAC divulga o relatório "Saúde  Lésbica e Bissexual  na America  Latina e Caribe. Construindo novas realidades".   O relatório reúne as respostas apresentadas por 33 ativistas lésbicas pertencentes a diferentes partidos políticos de onze países da região. Elas se manifestaram, sobre diversos aspectos relacionados à saúde das mulheres lésbicas e bissexuais, com base em seus conhecimentos e experiências.

Fonte: ILGA-LAC

"A saúde das mulheres lésbicas e bissexuais na América Latina e Caribe. Construindo novas realidades" reúne  diversas informações que descrevem os cenários legislativos  em cada país e revelam as percepções das ativistas sobre temas como: qualidade da atenção às mulheres lésbicas e bissexuais, doenças que mais afetam a esses grupos; práticas discriminatórias que afetam  lésbicas e bissexuais nos centros de saúde; DST mais comuns a esses grupos; centros de saúde que dão atenção especializada a lésbicas e bissexuais, entre outros.  O documento também aborda a questão das mulheres lésbicas e bissexuais vivendo com HIV  em diferentes países da Região da América Latina e Caribe, chamando a atenção para a vulnerabilidade dessas mulheres  frente ao vírus, a partir de sua relação com o estigma e a discriminação, que é uma variável estrutural da epidemia.

Os dados desse relatório  foram reunidos a partir de uma pesquisa aplicada por diferentes ativistas  latino-americanas, bem como por ativistas, que mesmo não sendo lésbicas ou bissexuais, trabalharam  sobre o tema. A finalização do material, previamente testado no Chile, foi feita pela internet e contou com o apoio da Secretaria Regional Lésbica da ILGA LAC, que se encarregou de validar os procedimentos, gerar acompanhamentos das aplicações, além de validar o conteúdo da publicação. Com base em um enfoque integral da saúde, coloca-se  o questionamento da instituição  heterossexual e das possibilidades que a abordagem intersetorial confere à  análise da discriminação que atinge  as mulheres lésbicas e bissexuais. O relatório foi elaborado, dentro do regime de autogestão, por "IDEAS SIN GÉNERO" (Idéias sem Gênero); e "Idéias de Toda Indole- ISIG".

Considerando a extensão do documento, que já começou a ser divulgado, em breve  será elaborado um relatório executivo visando facilitar a compreensão dos importantes dados apresentados. Da mesma forma, em breve serão divulgados os resultados obtidos a partir das informações fornecidas por ativistas brasileiras e que não foram incorporados a essa edição do relatório.
Por fim, vale a pena ressaltar  que este documento vem preencher lacunas e provocar novas discussões. Fazer seu lançamento no dia 28 de junho é emblemático, pois simbolicamente, este informe  sintetiza uma das lutas que nós, mulheres lésbicas e bissexuais, travamos contra a violência que provocou  a reação daquelas primeiras vozes em Stonewall. 

ILGA-LAC é a região América Latina e Caribe da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo. A ILGA - Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo - é uma rede mundial que congrega grupos locais, nacionais e internacionais dedicados à promoção e defesa da igualdade de direitos para lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e intersex (LGBTI) em todo o mundo. Fundada em 1978, a ILGA reúne grupos de mais de 110 países, oriundos de todos os continentes.

ILGA, 17 rue de la Charité | 1210 Bruxelles | Tel +32 2 502 24 71 | Fax +32-2-223 48 20 | www.ilga.org

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SUA SEXUALIDADE É ASSUNTO SEU, SUA SAÚDE É ASSUNTO NOSSO!


Mulheres lésbicas e bissexuais sentem-se inibidas em procurar ajuda do ginecologista. Revelar nossa intimidade num contexto social de enorme preconceito não é uma tarefa fácil. E ainda existe o medo do uso dos aparelhos (como o espéculo) para aquelas que não sofrem penetração nas suas relações sexuais.


Embora não seja possível estimar quantas vão aos consultórios, pois não existe a possibilidade de informação da orientação sexual no prontuário médico, apontamos para a falta de um espaço adequado para dialogarmos sobre nossas dúvidas e práticas sexuais.

A falta de acolhimento por parte do corpo de profissionais de saúde na rede pública, somadas ao medo da rejeição e ao preconceito efetivamente existente, faz com que muitas dentre nós saiamos dos consultórios com recomendações para usar pílulas anticoncepcionais ou camisinhas masculinas.

Sem orientação adequada algumas acham que só desenvolvem câncer de útero mulheres quem têm relações heterossexuais, deixando de prestar atenção a um fator de aumento de risco para aquelas que nunca tiveram uma gravidez e desconsiderando a necessidade de fazerem os exames e a prevenção de DSTs/AIDS.

Temos necessidade de efetivar o plano nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) e assegurar a assistência ginecológica de qualidade e atenção à saúde integral em todas as fases da vida para todas as mulheres, sejam lésbicas, bissexuais, transexuais ou heterosexuais.

No consultório médico não entra o preconceito e ali TODAS SÃO BEM VINDAS!

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Principais Resultados da Pesquisa

  • Pesquisa revela tensão, por parte dos médicos, entre a noção de homossexualidade como distúrbio hormonal ou doença psíquica e a necessidade de aderir a um discurso “politicamente correto” de não discriminação.

  • No caso das mulheres os dados indicam que a saúde em geral é um tema delicado porque envolve experiências de discriminação e expectativas de desconforto, particularmente em relação à consulta ginecológica.

  • As mulheres mais masculinas tendem a evitar os médicos, recorrendo aos serviços de saúde, em geral, apenas nas situações em que se percebem incapacitadas para o trabalho ou para realizarem atividades cotidianas.

  • A abordagem das questões de prevenção faz pouco sentido para as entrevistadas lésbicas porque elas não percebem riscos nas suas práticas sexuais. Além disso, o tema desperta tensões no que diz respeito ao imperativo da fidelidade conjugal e a própria afirmação de uma identidade lésbica.

  • Há um pacto de silêncio a respeito da homossexualidade: os profissionais não falam sobre este assunto por medo de invadir a privacidade ou discriminar as pacientes, ou simplesmente porque não se sentem capacitados (tecnicamente) para abordar o assunto.

  • Já as mulheres têm receio de serem tratadas com distinção e alimentam dúvidas quanto à necessidade dessa informação durante a consulta, o que as faz silenciar sobre sua orientação e práticas sexuais.
  • O Resultado disso é uma consulta impessoal, que não reconhece a diferença das mulheres lésbicas e bissexuais, com pacientes acuadas pelo medo da discriminação explícita e um silêncio de ambas as partes que afasta as mulheres lésbicas, sobretudo as mais masculinizadas dos consultórios do SUS.

  • As consultas não raro resultam em receitas de contraceptivos e indicação de uso de camisinhas masculinas, o que faz com que as mulheres, invisibilizadas, não retornem ao consultório médico.


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