25/07/2010 - 13h50 - Fonte R7
O Brasil é um dos líderes mundiais em incidência de HPV, onde mais de 685 mil pessoas vivem com o vírus. A doença sexualmente transmissível, causada por relação sexual desprotegida ou contato genital, é a quarta mais comum no país, com números acima dos casos de AIDS, que acomete 630 mil brasileiros, de acordo com o Departamento DE DST e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.
Segundo os médicos consultados pelo R7, a forma mais eficaz de prevenção contra a doença, além do uso da camisinha, é a vacina contra o HPV, disponível no país somente em clínicas privadas. Cada dose custa de R$ 240 a R$ 380, dependendo de sua composição.
Como são necessárias três doses para que o organismo fique protegido contra os tipos mais perigosos do vírus HPV (existem mais de cem), a imunização não sai por menos de R$ 1.000, ou mais de dois salários mínimos.
A vacinação contra o HPV é indicada para mulheres de 9 a 26 anos, com o intuito de prevenir o contágio antes do começo da atividade sexual e durante seu ápice. No Brasil, a maioria das infecções ocorre entre 15 e 25 anos da idade.
Vacina previne contra câncer de colo de útero
O principal objetivo do produto é proteger a mulher do câncer de colo de útero, que é a quarta causa de morte entre as brasileiras, explica a infectologista pediatra Lily Yin Weckx, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). A transmissão do vírus do HPV é responsável por 90% dos casos deste tipo de câncer relatados no país, que acomete mais de 18 mil mulheres por ano e mata ao menos 4.000, segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer).
Segundo a infectologista, os homens também podem se vacinar desde que apresentem receita médica, assim como mulheres com idade superior a faixa etária indicada.
- A vacina é mais indicada às mulheres porque elas correm risco de pegar o câncer de colo de útero. Por mais que os homens possam contrair o HPV, o câncer de pênis, possível por causa do vírus, são bem mais raros.
Até o ano que vem, no entanto, pode haver mudanças na bula da vacina. O laboratório MSD, fabricante de uma das vacinas vendidas no Brasil, informou ao R7 que já fez pedido à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para estender a faixa etária da vacina para mulheres de 27 a 45 anos e indicá-la a meninos de 9 a 26 anos.
Por que a dose é tão cara?
O preço de qualquer vacina tende a ser alto quando se chega ao mercado, pois suas vendas ainda estarão pagando os custos muito elevados de produção, explica o Renato Kfouri, diretor da Sbim (Sociedade Brasileira de Imunizações). No caso do Brasil, a situação piora, pois as duas vacinas disponíveis são importadas.
- Toda vacina nova que se desenvolve tem um custo gigantesco. Tem que testar níveis de sangue, desenvolver nos laboratórios, testar em animais e em humanos, tudo durante muitos anos e em vários locais do planeta, com milhares de pessoas, sendo que às vezes não dá certo.
Kfouri explica que, da mesma forma que uma vacina demora para chegar ao resultado esperado, é necessário tempo para ela se fixar no mercado e se tornar viável a todos.
- Depois que o mundo inteiro usar, aparecer concorrentes, quebrar a patente e aumentar a produção, a tendência é que o preço caia, havendo a possibilidade da incorporação no sistema público.
O alto custo impede muitas brasileiras de se protegerem efetivamente contra o HPV, observa o infectologista pediatra José Geraldo Leite Ribeiro, da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais.
- A gente estima que somente 8% das meninas brasileiras podem se vacinar em clínicas privadas. Por isso é necessário que o país se planeje em um tempo mais curto possível para tentar a inclusão da vacina no sistema público.
Falta dinheiro para oferecer vacina de graça
A incorporação da vacina do HPV no calendário nacional de vacinação, cujas vacinas são oferecidas de graça, ainda não é uma realidade no Brasil, mas está nos planos do Ministério da Saúde. Em parecer técnico enviado à reportagem, o ministério, em parceria com o Inca, afirma que sua introdução no PNI (Programa Nacional de Imunizações) implicaria em um impacto de R$ 1,857 bilhão, apenas para a cobertura da faixa etária de 11 a 12 anos, enquanto todo o orçamento do programa é de R$ 750 milhões ao ano, segundo dados dados de 2008.
Mesmo que o governo negue a incorporação da vacina no curto prazo, o R7 apurou que o ministério estuda a introdução da vacina contra o HPV no calendário nacional por meio de um comitê de acompanhamento formado por várias entidades de saúde. Na escala de prioridades, a adoção da vacina contra o HPV no calendário estaria atrás apenas do imunizante contra a varicela (catapora), mas ainda não há uma data para que isso ocorra.
Mas, antes de universalizar a dose de prevenção ao HPV, o governo trabalha em busca de condições para produzir a vacina no Brasil. A transferência de tecnologia tende a baratear o preço da dose.
Atualmente, pelo SUS só é possível fazer exames que diagnosticam a doença em postos de coleta de exames ginecológicos, localizados em postos de saúde e hospitais públicos, onde são feitos testes gratuitos de HPV.
Blog direcionado à Saúde de Mulheres Lésbicas e Bi-Sexuais, com divulgação de pesquisas e campanhas de prevenção de doenças que têm maior incidência no público feminino, em especial nas mulheres que fazem sexo com mulheres. ESTE BLOG É UM ARQUIVO HISTÓRICO DA LIGA BRASILEIRA DE LÉSBICAS.
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SUA SEXUALIDADE É ASSUNTO SEU, SUA SAÚDE É ASSUNTO NOSSO!
Mulheres lésbicas e bissexuais sentem-se inibidas em procurar ajuda do ginecologista. Revelar nossa intimidade num contexto social de enorme preconceito não é uma tarefa fácil. E ainda existe o medo do uso dos aparelhos (como o espéculo) para aquelas que não sofrem penetração nas suas relações sexuais.
Embora não seja possível estimar quantas vão aos consultórios, pois não existe a possibilidade de informação da orientação sexual no prontuário médico, apontamos para a falta de um espaço adequado para dialogarmos sobre nossas dúvidas e práticas sexuais.
A falta de acolhimento por parte do corpo de profissionais de saúde na rede pública, somadas ao medo da rejeição e ao preconceito efetivamente existente, faz com que muitas dentre nós saiamos dos consultórios com recomendações para usar pílulas anticoncepcionais ou camisinhas masculinas.
Sem orientação adequada algumas acham que só desenvolvem câncer de útero mulheres quem têm relações heterossexuais, deixando de prestar atenção a um fator de aumento de risco para aquelas que nunca tiveram uma gravidez e desconsiderando a necessidade de fazerem os exames e a prevenção de DSTs/AIDS.
Temos necessidade de efetivar o plano nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) e assegurar a assistência ginecológica de qualidade e atenção à saúde integral em todas as fases da vida para todas as mulheres, sejam lésbicas, bissexuais, transexuais ou heterosexuais.
No consultório médico não entra o preconceito e ali TODAS SÃO BEM VINDAS!
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Principais Resultados da Pesquisa
- Pesquisa revela tensão, por parte dos médicos, entre a noção de homossexualidade como distúrbio hormonal ou doença psíquica e a necessidade de aderir a um discurso “politicamente correto” de não discriminação.
- No caso das mulheres os dados indicam que a saúde em geral é um tema delicado porque envolve experiências de discriminação e expectativas de desconforto, particularmente em relação à consulta ginecológica.
- As mulheres mais masculinas tendem a evitar os médicos, recorrendo aos serviços de saúde, em geral, apenas nas situações em que se percebem incapacitadas para o trabalho ou para realizarem atividades cotidianas.
- A abordagem das questões de prevenção faz pouco sentido para as entrevistadas lésbicas porque elas não percebem riscos nas suas práticas sexuais. Além disso, o tema desperta tensões no que diz respeito ao imperativo da fidelidade conjugal e a própria afirmação de uma identidade lésbica.
- Há um pacto de silêncio a respeito da homossexualidade: os profissionais não falam sobre este assunto por medo de invadir a privacidade ou discriminar as pacientes, ou simplesmente porque não se sentem capacitados (tecnicamente) para abordar o assunto.
- Já as mulheres têm receio de serem tratadas com distinção e alimentam dúvidas quanto à necessidade dessa informação durante a consulta, o que as faz silenciar sobre sua orientação e práticas sexuais.
- O Resultado disso é uma consulta impessoal, que não reconhece a diferença das mulheres lésbicas e bissexuais, com pacientes acuadas pelo medo da discriminação explícita e um silêncio de ambas as partes que afasta as mulheres lésbicas, sobretudo as mais masculinizadas dos consultórios do SUS.
- As consultas não raro resultam em receitas de contraceptivos e indicação de uso de camisinhas masculinas, o que faz com que as mulheres, invisibilizadas, não retornem ao consultório médico.
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